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L'engagement : Breve explicação.

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Os poetas Marcos Meurer, André Espinola, Thiago Henrique e Jessiely Soares , postam aqui seus poemas e prosas.

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terça-feira, 17 de novembro de 2009

O que dirás?

O que dirás?
Quando o dia raiar
Quando o galo cantar
E eu vier a partir

O que dirás?
Quando o gelo partir
Quando a vida findar
E a morte vier me sorrir

O que dirás?
Quando a grama morrer
Quando o amor se perder
E a solidão não mais te servir

Te dirás feliz?

Marcos A. D Meurer

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

QUERO

Quero, um dia
Assim, como que por acaso
Encontrar-te na rua
Pagar-te um café
E ir embora
Sabendo que estás bem

Quero, um dia
Um dia qualquer
Receber o convite
Do teu casamento
Mesmo sabendo
Que é só cortesia

Quero, um dia
Ver-te pela janela do carro
Enquanto caminhas pela praia
E apenas sorrir para ti
Quando nossos olhos
Tocarem o vazio

Quero, um dia
Encontrar-te no parque
Brincar com teu filho
E saber, que estás bem
Guardando as boas lembranças
Do nosso amor

Marcos Meurer

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

A quem diga

A quem diga que aqui na terra da incoerência não existem amores, ou desamores. A quem pense que sou feito de matéria, de sabor, de cheiro e de suor. Porem noutra tarde, peguei-me perdido, flutuando como ventania, que se desfaz ao chegar no mar. Mas pecando contra meu intelecto me refiz, e fiz de você minha rainha. Coitado de mim, agarrado em verdades inexistentes acreditei, como um tolo, que se pode entender os olhos de uma mulher, e me atirei do penhasco na esperança de voltar a ser ventania, porem virei apenas nuvem de lagrimas. E me despejo sobre um mar de incertezas na esperança de que você venha me tornar ar novamente com o calor dos teus braços.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Ventos do Sul


Gritem ventos do sul
Açoitem os mares
Como quem castiga
Um escravo vadio
Mas deixa-me aqui

Gritem ventos do sul
Devastem as costas
Como a cólera de deus
Que a muito jaz cansado dos seus
Mas deixa-me aqui

Gritem ventos do sul
Uivem ensandecidos
Como lobos esquecidos
Vindos de Vera Cruz
Mas deixa-me aqui

Gritem ventos do sul
Desfaçam-me em cinzas
Atirem-me as covas do esquecimento
Mas não deixem que aqui
Eu viva mais um dia sem ter de volta
Todo o carinho dela.

Marcos A D Meurer

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Na tua ausência

Saudades passeiam pela sala
Enquanto eu divido minha boca
Entre o amargo café
E a lembrança do teu beijo

Deixo que meus olhos descansem
Sobre o teu retrato
Ouvindo lá fora a chuva
Que se atira em desespero ao mar

Solitário, recolho meus sonhos
Alguns cacos de um coração sofrido
E do retrato, o teu olhar
Meu único amigo.

Sem você eu fico aqui
Solitário a caminhar pela casa
Junto com as saudades
Que na tua ausência caminham comigo.


Marcos Meurer

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Seca

Seca, Folha ao vento
Dispersa alegria lamentável
Do caboclo preso ao sol
Com a boca seca
Feito folha

Açoite, cheiro de sangue
Sorrisos e gargalhas
Do capataz escorneado
Com vontade feita açoite
Feitor de sangue

Morte, feita alegria
Lagrimas e sorriso
Do caboclo agora liberto
Dispersa como folha ao vento
Feito alegre

"Sonhos de um passado presente"
Marcos Meurer

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Ella





"Se as minhas mãos pudessem desfolhar"

                                         (Garcia Lorca)

Ela, de acordo com o dicionário, flexão feminina de ele. Metamorfose que cabia no vão de uma porta. Algo inconcluso, como um bordado de meio Sol, que não era sequer eclipse.
De mãos meio acorrentadas, com alguns trocados no bolso, era a imagem da perseverança falha.

Nada lhe pertencia.
Apenas recitava ― calada ― alguns poemas de Lorca, em um tempo de desabitar desejos.

Universo incompleto, desprovida de átomos.
Uma nudez, uma paisagem de seca.

Sequer os desvarios lhe perteciam.

Na breve contagem dos dias, se sentia a perfeição de porcelana: Mãos definidas e paradas, coração de singeleza opaca, boneca indiferente com rosto bonito.

E uma metade de um poema esquecido para ser escrito na lápide.



(Jessiely Soares)

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Marinheiro solitário


Perdi-me como navio sem porto
Vaguei pelas brumas da solidão
Busquei conforto e abrigo
Nos ventos, na tempestade
No trovão

Marinheiro solitário
Busquei a morte como amiga
Traguei o veneno do teu descaso
E mergulhei em busca de alivio
Até a convulsão

Engasguei com o resto do orgulho
E deixei que a escuridão
Viesse me consolar
Morri, tentando alcançar
Meu amor de alem mar.

Marcos Meurer

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Meu novo e velho mundo imaginário


Se eu tivesse em mãos os poderes de um deus, ao invés de construir, eu destruiria tudo. E não levo mais que um dia fazendo isso. Começo por destruir todas essas invencionices modernas e dizimo todas as grandes e vaidosas cidades metropolitanas, junto com suas estatísticas de renda, miséria e consumo. Derrubo arranha-céus e no lugar deles levanto florestas densas e bonitas; colinas verdes e virgens cheias de lírios e girassóis, ao invés de morros e favelas. Destruo o asfalto e deixo somente a trilha lamacenta ligando os vilarejos separados por milhas e milhas de terra inabitada e ar fresco. Nos vilarejos, ponho crianças brincando na grama verde e molhada e assim expio os olhos tristonhos e amedrontados dos meninos e meninas dos tempos de aquecimento global e, não obstante, sombrios. E mais: em cada vila deve haver pelo menos uma taberna, grande e confortável, para o divertimento de todos. Deixo também que criem um panteão de deuses, pois nenhum deus quer a responsabilidade de tudo só para si. Então, podem criar deuses do que quiserem: do céu, do ar, da água, do fogo, do que seja, portanto que os cultuem, lutem e dêem a vida por eles. E derramem sangue, bastante sangue, porque eu estou somente mudando a disposição das coisas, mas a matéria é a mesma, a essência é a mesma, os bonecos são os mesmos homens de sempre, e se tratando dessa matéria, sangue e morte nunca deixarão de existir. Só não quero guerras disputadas em grandes salas frias, com super computadores que aguardam somente um comando para dizimar todo um povo. Não, essas guerras eu reprimo com veemência. Quero mais é a guerra frente a frente, face a face, e a contagem imediata de quantos caem no campo de batalha. Assim é mais emocionante, mais bárbaro e muito mais fácil de criar heróis e mártires, o que muito me alegra. Em tudo o que há no mundo agora, somente uma coisa permaneceria intocável: você. Seu brilho sobrevive através de todas as Eras do mundo, as possíveis e, inclusive, imaginárias.

André Espínola

Aprendiz de moribundo















Sou aprendiz de moribundo
Caminho por entre os túmulos
Chorando a morte dos meus sonhos
Que agora enterrados
Não me cintilam mais nos olhos

Pelas brumas deste outubro
Caminho sem destino
Perdido, jogado, deixado de lado

Parto e reparto
O que sobrou de mim
Pelos quatro cantos do mundo
Sem meus sonhos já não vivo
Sou aprendiz de moribundo

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Sobrevive

Converso com o relógio
E bebo junto com os ponteiros
Mais uma dose da tua ausência
Danço tango com o tempo
E embriagado
Eu gargalho da dor
Conto para a lua nossa historia
Ela como boa amiga, conforta-me
Dizendo que todo amor verdadeiro
Sobrevive a dor, a ausência e ao tempo

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Pela dor dos Outros (as pedras do sertão)

Foto: Felipe Ferreira

as pedras do sertão
tem a forma
calejada
pela dor dos outros.

e como alma e corpo
são a mesma parte
de uma coisa só,

a alma da pedra
é calejada
pela dor dos outros.

nasceu com o dom
de ser o único habitante
contemplativo
em meio ao suol,
à fome e à sede.

mas não foi.

seu coração de pedra
não se omitiu ao sofrimento,
e foi sendo calejado
pela dor dos que ainda vivem
nas estradas de pedra,

dos que ainda choram
lágrimas de pedra,

dos que fartam-se
em pratos e copos de pedra,

e dos que fartam
os urubus com seus bicos
e garras de pedra.

ou a dor infinda
dos quais só restam
cadáveres

enraizados
na terra.

André Espínola
http://andreespinola.blogspot.com/

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Enquanto semeio canções





Hoje é como se eu andasse de novo por aquele caminho.
A mesma noite ainda treme.

Como se o Sol aportasse outra vez, como se fosse ontem,
com aquela vista perene.

É como se a vida inteira tivesse parado
num circulo eterno
e todo o meu caminho acabasse no exato final dos teus olhos

Hoje é como se nao amanhecesse nunca.
E como se, de todas as canções, nenhuma restasse

Hoje é como se além da névoa e daquela ruína
o dia, o horizonte, num maremoto de nuvens,

e cada falha nessa ponte que passo,

apenas te gerassem.




(Jessiely Soares)


Imagem: Encontrei no Google, mas uma obra de arte dessas tem dono.
Por favor, se o dono encontrar aqui, avise-me, que eu atribuo os devidos créditos :)

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Acácia do Oriente














Faço dos meus sonhos
Imagens de um oriente distante
Onde deuses Homéricos
Caminham ao lado
Do homem errante

Entregue, faço-me eterno
Já que vivo vivi o inferno
Agora sob a acácia do oriente
Repouso tranqüilo, como criança
No colo materno

Marcos A D Meurer