Seca, Folha ao vento
Dispersa alegria lamentável
Do caboclo preso ao sol
Com a boca seca
Feito folha
Açoite, cheiro de sangue
Sorrisos e gargalhas
Do capataz escorneado
Com vontade feita açoite
Feitor de sangue
Morte, feita alegria
Lagrimas e sorriso
Do caboclo agora liberto
Dispersa como folha ao vento
Feito alegre
"Sonhos de um passado presente"
Marcos Meurer
L'engagement : Breve explicação.
O L´engagement nasceu no Orkut e conta com mais de 1500 leitores assíduos.
Os poetas Marcos Meurer, André Espinola, Thiago Henrique e Jessiely Soares , postam aqui seus poemas e prosas.
Todos os dias, um texto inédito ao seu alcance!
Estamos no Twitter!
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Sejam bem vindos !
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terça-feira, 29 de setembro de 2009
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
Ella
"Se as minhas mãos pudessem desfolhar"
(Garcia Lorca)
Ela, de acordo com o dicionário, flexão feminina de ele. Metamorfose que cabia no vão de uma porta. Algo inconcluso, como um bordado de meio Sol, que não era sequer eclipse.
De mãos meio acorrentadas, com alguns trocados no bolso, era a imagem da perseverança falha.
Nada lhe pertencia.
Apenas recitava ― calada ― alguns poemas de Lorca, em um tempo de desabitar desejos.
Universo incompleto, desprovida de átomos.
Uma nudez, uma paisagem de seca.
Sequer os desvarios lhe perteciam.
Na breve contagem dos dias, se sentia a perfeição de porcelana: Mãos definidas e paradas, coração de singeleza opaca, boneca indiferente com rosto bonito.
E uma metade de um poema esquecido para ser escrito na lápide.
(Jessiely Soares)
quinta-feira, 24 de setembro de 2009
Marinheiro solitário
Vaguei pelas brumas da solidão
Busquei conforto e abrigo
Nos ventos, na tempestade
No trovão
Marinheiro solitário
Busquei a morte como amiga
Traguei o veneno do teu descaso
E mergulhei em busca de alivio
Até a convulsão
Engasguei com o resto do orgulho
E deixei que a escuridão
Viesse me consolar
Morri, tentando alcançar
Meu amor de alem mar.
Marcos Meurer
segunda-feira, 21 de setembro de 2009
Meu novo e velho mundo imaginário
Se eu tivesse em mãos os poderes de um deus, ao invés de construir, eu destruiria tudo. E não levo mais que um dia fazendo isso. Começo por destruir todas essas invencionices modernas e dizimo todas as grandes e vaidosas cidades metropolitanas, junto com suas estatísticas de renda, miséria e consumo. Derrubo arranha-céus e no lugar deles levanto florestas densas e bonitas; colinas verdes e virgens cheias de lírios e girassóis, ao invés de morros e favelas. Destruo o asfalto e deixo somente a trilha lamacenta ligando os vilarejos separados por milhas e milhas de terra inabitada e ar fresco. Nos vilarejos, ponho crianças brincando na grama verde e molhada e assim expio os olhos tristonhos e amedrontados dos meninos e meninas dos tempos de aquecimento global e, não obstante, sombrios. E mais: em cada vila deve haver pelo menos uma taberna, grande e confortável, para o divertimento de todos. Deixo também que criem um panteão de deuses, pois nenhum deus quer a responsabilidade de tudo só para si. Então, podem criar deuses do que quiserem: do céu, do ar, da água, do fogo, do que seja, portanto que os cultuem, lutem e dêem a vida por eles. E derramem sangue, bastante sangue, porque eu estou somente mudando a disposição das coisas, mas a matéria é a mesma, a essência é a mesma, os bonecos são os mesmos homens de sempre, e se tratando dessa matéria, sangue e morte nunca deixarão de existir. Só não quero guerras disputadas em grandes salas frias, com super computadores que aguardam somente um comando para dizimar todo um povo. Não, essas guerras eu reprimo com veemência. Quero mais é a guerra frente a frente, face a face, e a contagem imediata de quantos caem no campo de batalha. Assim é mais emocionante, mais bárbaro e muito mais fácil de criar heróis e mártires, o que muito me alegra. Em tudo o que há no mundo agora, somente uma coisa permaneceria intocável: você. Seu brilho sobrevive através de todas as Eras do mundo, as possíveis e, inclusive, imaginárias.
André Espínola
Aprendiz de moribundo
Sou aprendiz de moribundo
Caminho por entre os túmulos
Chorando a morte dos meus sonhos
Que agora enterrados
Não me cintilam mais nos olhos
Pelas brumas deste outubro
Caminho sem destino
Perdido, jogado, deixado de lado
Parto e reparto
O que sobrou de mim
Pelos quatro cantos do mundo
Sem meus sonhos já não vivo
Sou aprendiz de moribundo
sexta-feira, 18 de setembro de 2009
Sobrevive
Converso com o relógio
E bebo junto com os ponteiros
Mais uma dose da tua ausência
Danço tango com o tempo
E embriagado
Eu gargalho da dor
Conto para a lua nossa historia
Ela como boa amiga, conforta-me
Dizendo que todo amor verdadeiro
Sobrevive a dor, a ausência e ao tempo
E bebo junto com os ponteiros
Mais uma dose da tua ausência
Danço tango com o tempo
E embriagado
Eu gargalho da dor
Conto para a lua nossa historia
Ela como boa amiga, conforta-me
Dizendo que todo amor verdadeiro
Sobrevive a dor, a ausência e ao tempo
quinta-feira, 17 de setembro de 2009
Pela dor dos Outros (as pedras do sertão)
Foto: Felipe Ferreira
as pedras do sertão
tem a forma
calejada
pela dor dos outros.
e como alma e corpo
são a mesma parte
de uma coisa só,
a alma da pedra
é calejada
pela dor dos outros.
nasceu com o dom
de ser o único habitante
contemplativo
em meio ao suol,
à fome e à sede.
mas não foi.
seu coração de pedra
não se omitiu ao sofrimento,
e foi sendo calejado
pela dor dos que ainda vivem
nas estradas de pedra,
dos que ainda choram
lágrimas de pedra,
dos que fartam-se
em pratos e copos de pedra,
e dos que fartam
os urubus com seus bicos
e garras de pedra.
ou a dor infinda
dos quais só restam
cadáveres
enraizados
na terra.
André Espínola
http://andreespinola.blogspot.com/
as pedras do sertão
tem a forma
calejada
pela dor dos outros.
e como alma e corpo
são a mesma parte
de uma coisa só,
a alma da pedra
é calejada
pela dor dos outros.
nasceu com o dom
de ser o único habitante
contemplativo
em meio ao suol,
à fome e à sede.
mas não foi.
seu coração de pedra
não se omitiu ao sofrimento,
e foi sendo calejado
pela dor dos que ainda vivem
nas estradas de pedra,
dos que ainda choram
lágrimas de pedra,
dos que fartam-se
em pratos e copos de pedra,
e dos que fartam
os urubus com seus bicos
e garras de pedra.
ou a dor infinda
dos quais só restam
cadáveres
enraizados
na terra.
André Espínola
http://andreespinola.blogspot.com/
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
Enquanto semeio canções
Hoje é como se eu andasse de novo por aquele caminho.
A mesma noite ainda treme.
Como se o Sol aportasse outra vez, como se fosse ontem,
com aquela vista perene.
É como se a vida inteira tivesse parado
num circulo eterno
e todo o meu caminho acabasse no exato final dos teus olhos
Hoje é como se nao amanhecesse nunca.
E como se, de todas as canções, nenhuma restasse
Hoje é como se além da névoa e daquela ruína
o dia, o horizonte, num maremoto de nuvens,
e cada falha nessa ponte que passo,
apenas te gerassem.
(Jessiely Soares)
Imagem: Encontrei no Google, mas uma obra de arte dessas tem dono.
Por favor, se o dono encontrar aqui, avise-me, que eu atribuo os devidos créditos :)
terça-feira, 15 de setembro de 2009
Acácia do Oriente
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